Virtual Surgical Planning (VSP) ou Planejamento Cirúrgico Virtual

A técnica de Planejamento Cirúrgico Virtual é capaz de transformar a imagem da tomografia em uma réplica em 3D do tecido ósseo do paciente por meio de uma impressora.

Fazer das cirurgias algo cada vez mais preciso e sem surpresas: esse é o propósito dos médicos com a utilização desta técnica inovadora que tem auxiliado para o sucesso dos procedimentos cirúrgicos. O objetivo é evitar surpresas no momento da realização das intervenções e entender todos os detalhes antes mesmo de entrar nas salas de cirurgia. O Virtual Surgical Planning (VSP) ou Planejamento Cirúrgico Virtual é uma tecnologia que agrega a produção de modelos anatômicos e guias baseadas em exames para um estudo pré-cirúrgico de simulação do corpo do paciente.

Como funciona?

As imagens de alta resolução da tomografia computadorizada ou da ressonância magnética são processadas em uma série de programas específicos para a segmentação das áreas anatômicas de interesse.

Após o processamento, um modelo anatômico do paciente com a patologia é enviado para a impressora 3D.

Atualmente temos impresso tanto os modelos de doenças cerebrais como de coluna.

As imagens das tomografias computadorizadas ou das ressonâncias magnéticas fazem com que as peças produzidas pelas impressoras 3D tenham muita precisão e proporcionem aos médicos o conhecimento da real dimensão da anatomia do corpo humano daquele paciente. Por meio dos exames, os profissionais criam guias específicas para cada paciente e as imprimem em impressoras 3D.

No ano de 2016, na cidade de Sydney na Austrália, o neurocirurgião Dr. Ralph Mobbs foi o primeiro cirurgião do mundo a implantar uma prótese impressa em impressora 3D, especialmente desenvolvida para substituir a segunda vértebra cervical. Neste caso, o implante de titânio foi impresso numa impressora 3D especial. Depois de remover um cordoma (tipo raro de câncer) na transição entre o crânio e a coluna cervical, ele inseriu o implante especialmente desenvolvido para aquele paciente com sucesso (restauração do alinhamento e da estabilidade da coluna do paciente). Ressalto, no entanto, que no Brasil ainda não é permitido aos médicos utilizarem próteses produzidas por impressoras 3D e implantá-las nos pacientes.

A esquerda: Corte Sagital da Sequencia T2 da Ressonância Magnética  – as setas apontam o Cordoma.

A direita: Corte Sagital da Sequencia T1 da Ressonância Magnética – as setas apontam o Cordoma.

Tomografia pós-operatória (esquerda) e radiografia pós-operatória (direita) demonstrando o implante de titânio impresso em 3D.

Modelo plástico (direita) de implante com trajetórias planejadas dos parafusos e o implante impresso em 3D (esquerda) antes da esterilização.

Entre outros benefícios, o modelo anatômico impresso em tamanho real permite uma maior percepção espacial da anatomia óssea possibilitando o toque em marcos anatômicos idênticos aos que serão encontrados pelo médico na cirurgia. Como resultado de um melhor planejamento, obtemos uma maior precisão cirúrgica, antecipando e prevendo possíveis dificuldades, visando resultados melhores e mais previsíveis.

Tenho forte convicção de que essa metodologia permite antecipar os desafios e tornar a cirurgia mais precisa, diminuindo a chance de improvisações. Acredito também que com a cirurgia revisada pela equipe é possível diminuir o tempo que o paciente passa sob anestesia, aumentando a precisão e melhorando o resultado cirúrgico final para o paciente. Por fim, entendo que o Planejamento Cirúrgico Virtual e a impressão 3D vêm ao encontro da nossa missão, que busca, no avanço da medicina, um tratamento personalizado para ajudar a restaurar a qualidade de vida dos nossos pacientes a cada dia”,

 

Referências:

https://thejns.org/spine/view/journals/j-neurosurg-spine/26/4/article-p513.xml

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8203425/pdf/opab060.pdf