HÉRNIA DE DISCO

1. O que é hérnia de disco?
A coluna espinhal é formada por 24 vértebras (ossos) sobrepostas, umas sobre as outras, que vão desde a base do crânio até a pelve. [ Veja a figura abaixo ]

As vértebras são ligadas umas às outras por vários ligamentos, que mantém a estabilidade e permitem a flexibilidade e mobilidade. Além disso, a coluna vertebral dá sustentação para uma complexa rede de nervos que comunicam o cérebro e a medula espinhal com o restante do corpo. [ Veja a figura abaixo ]

Entre uma vértebra e outra se encontra o disco intervertebral, que tem a função de reduzir os impactos dos movimentos sobre as vértebras. O disco intervertebral é formado por uma camada gelatinosa interna (núcleo pulposo) circundada por uma camada externa resistente (anel fibroso). [ Veja a figura abaixo ]

O enfraquecimento da camada externa (anel fibroso) propicia a saída da camada interna gelatinosa (núcleo pulposo). Este processo pode ter diferentes estágios desde uma ruptura do anel fibroso (degeneração), passando pela protusão, extrusão e até mesmo o sequestro discal. [ Veja a figura abaixo ]

2. A hérnia de disco é uma doença?
Sim. A termo hérnia de disco descreve o fenômeno em que uma fissura no anel fibroso de um disco intervertebral permite o vazamento do conteúdo gelatinoso chamado de núcleo pulposo para o canal vertebral. Esta doença leva a um conjunto de sinais e sintomas resultantes de um processo inflamatório ou compressão mecânica sobre as estruturas nervosas (nervos) da coluna vertebral.

3. Quais são os sintomas da hérnia de disco?
Os sintomas variam de acordo com a localização da hérnia de disco. Na coluna lombar a dor ciática unilateral costuma ser o principal sintoma. Esta dor ocorre quando um processo inflamatório, ou uma pressão mecânica, resultante do material herniado do disco, compromete uma das raízes que formam o nervo ciático. [ Veja a figura abaixo ]

Na coluna cervical a dor com irradiação para um dos braços (cervicobraquialgia) é o sintoma mais comum. Esta dor ocorre quando o processo inflamatório ou pressão mecânica, resultante do material herniado do disco está comprometendo uma raiz nervosa da coluna cervical, que forma o plexo braquial (conjunto de nervos responsáveis pela motricidade e sensibilidade dos braços). [ Veja a figura abaixo ]

Na coluna cervical e na coluna torácica, as hérnias de disco podem comprimir a medula levando a fraqueza muscular e a perda de sensibilidade dos braços e das pernas. Choques que descem pela coluna, espasmos musculares, alteração de reflexos e perda de controle de esfíncteres (perda de controle da urina e/ou fezes) podem significar uma mielopatia (sofrimento/doença medular) devido a uma hérnia de disco. Note que estes últimos sintomas descritos podem representar uma emergência médica e caso ocorram o paciente deve procurar auxílio médico imediatamente.

4. Quais são as causas da hérnia de disco?
As hérnias de disco frequentemente resultam do enfraquecimento dos discos intervertebrais que ocorrem com o passar dos anos (relacionado à idade). Este processo chamado de degeneração discal atualmente é descrito como microfissuras do anel fibroso, que o tornam menos resistente e suscetível a lesões.

Abaixo citamos algumas causas de hérnia de disco:

– Fissuras do anel fibroso podem levar para uma desidratação discal.
– Acredita-se que a história familiar de degeneração discal possa estar relacionada à genética.
– Movimentos repetitivos, que provoquem sobrecarga na coluna, especialmente em áreas que o disco já esteja vulnerável.
– Levantar peso de modo que sobrecarregue a coluna (com a flexão anterior do tronco). No levantamento adequado, a força é realizada com as pernas e a coluna fica numa posição ereta.
– Trauma de alto impacto (hérnia de disco traumática).
– Obesidade pode sobrecarregar principalmente a coluna lombar.

5. Como é feito o diagnóstico de hérnia de disco?
Numa consulta, o médico suspeita do local anatômico (cervical, dorsal ou lombar) que esteja causando os sintomas e solicita exames de imagem. A ressonância magnética é o exame que fornece a maior riqueza de informações sobre a hérnia de disco.

6. A hérnia de disco pode ser hereditária?
Sim, acredita-se que a história familiar de hérnia de disco possa estar relacionada a alguns genes que facilitem a degeneração discal.

7. A partir de que idade a pessoa pode ter hérnia de disco?
O processo de degeneração discal costuma iniciar aos 30 anos com tendência a progredir lentamente ao longo do tempo. No entanto, há relatos de hérnia discal até em crianças e não é raro a ocorrência em adolescentes.

8. Uma pessoa consegue conviver com uma hérnia de disco?
A degeneração discal, inclusive com hérnia de disco, é um fenômeno relativamente frequente em humanos. Caso a hérnia de disco não esteja causando sintomas a pessoa pode conviver tranquilamente com a alteração discal.

9. Existe tratamento para hérnia de disco?
Existem vários tratamentos para a dor resultante de uma hérnia de disco. Medicações analgésicas, anti-inflamatórias e relaxantes musculares são frequentemente empregados. Técnicas de terapia física e reforço muscular, como fisioterapia, pilates e RPG também são tratamentos amplamente utilizados.

As injeções espinhais (bloqueios) são alternativas eficazes para os casos quem não respondem aos tratamentos iniciais. Reserva-se a cirurgia de coluna para os casos que não responderam aos tratamentos menos invasivos ou que tenham comprometimento de sensibilidade ou motricidade (perda de força).

10. A hérnia de disco tem cura?
Não. Atualmente não há terapia capaz de reverter a degeneração discal. As técnicas cirúrgicas mais atuais tem intuito de substituir o disco degenerado ou descomprimir alguma compressão de nervo, mas não são capazes de reverter a degeneração discal já instalada.

11. O que pode ser feito para prevenir a hérnia de disco?
Ainda não há estudos conclusivos sobre atitudes que possam evitar a degeneração discal ou a hérnia de disco. Contudo, acredita-se que as seguintes medidas podem ser úteis:

– Manter boa postura, inclusive com educação postural e ginástica laboral.
– Fazer atividade física com tonificação muscular e alongamentos orientados por educador físico.
– Adaptar o local de trabalho para que seja possível manter uma postura que não cause sobrecarga a coluna.
– Evitar movimentos repetitivos que provoquem sobrecarga na coluna.
– Evitar levantar peso de modo que sobrecarregue a coluna (com a flexão anterior do tronco – modo errado). No levantamento adequado, a força é realizada com as pernas e a coluna fica numa posição ereta.
– Evitar traumas de alto impacto que possam acelerar o processo de degeneração discal.

 

Referências:
* The Spine Journal – http://www.thespinejournalonline.com/
* Spine Universo – https://www.spineuniverse.com/
* Spine Saúde – https://www.spine-health.com/
* Spine (Journal) – http://journals.lww.com/spinejournal/pages/default.aspx
* SIS – Sociedade Spine Intervenção – https://www.spineintervention.org/
* Pain Medicine (Journal) – http://onlinelibrary.wiley.com/journal/10.1111/(ISSN)1526-4637/issues