Fratura de Coluna Relacionada a Osteoporose
O aumento da expectativa de vida possibilitada pelo avanço do conhecimento nos traz novos desafios, como a necessidade de tratar pacientes idosos com fratura por compressão vertebral relacionada a osteoporose.
Neste tipo de fratura a vértebra não está quebrada no sentido usual da palavra e não pode ser interpretada como uma fratura de braço ou perna que lembre um galho quebrado. O que acontece é um achatamento/esmagamento do corpo vertebral semelhante ao que ocorre com um copo de papel quando você pisa nele.
Isso ocorre porque o corpo vertebral com osteoporose não suporta a pressão normal exercida sobre ele, quebrando-se (diminuindo a altura) mesmo em movimentos normais do dia a dia ou após traumas leves.
A Osteoporose é a doença na qual os ossos se tornam mais fracos com uma maior tendência a quebrar (fraturas), sendo a coluna vertebral o principal sítio de fratura.
Na coluna vertebral os locais que mais frequentemente apresentam fratura por compressão vertebral são respectivamente:
– A coluna torácica (coluna dorsal), mais precisamente a parte inferior da coluna torácica.
– A coluna lombo-sacra.
– Raramente a coluna cervical.
A principal manifestação deste tipo de fratura é a dor de difícil tratamento, por vezes intratável, que inicia de modo agudo e pode se tornar crônica. Os pacientes tendem a ficar longos períodos deitados visto que a dor piora ao caminhar e alivia em repouso. Além disso, a fratura pode evoluir com uma deformidade em cifose (corcunda), perda de peso, compressão dos órgãos internos e aumento na taxa de mortalidade.
Um estudo realizado na Califórnia com pessoas idosas na faixa etária entre 65 e 95 anos demonstrou que os pacientes com fraturas de coluna vertebral relacionadas a osteoporose morriam três vezes mais do que os pacientes sem fratura de coluna.
- A linha azul ao lado representa o percentual de pacientes vivos no grupo de pacientes sem fratura de coluna (Grupo Controle).
- A linha vermelha representa o percentual de pacientes vivos no grupo de pacientes com fratura em compressão vertebral relacionada a osteoporose.
O reconhecimento precoce deste tipo de fratura possibilita o tratamento antes que as complicações relacionadas a dor, deformidade e repouso prolongado se instalem.
Historicamente, o tratamento destes pacientes sempre foi desafiador, uma vez que a grande maioria são pessoas idosas com saúde frágil em que as técnicas cirúrgicas convencionais (cirurgia aberta utilizando hastes e parafusos) tinham alto índice de insucesso.
Nos últimos anos, a cirurgia minimamente invasiva conhecida como Cifoplastia trouxe grande avanço no tratamento destinado a estes pacientes. Este procedimento tem como principal objetivo aumentar a altura do corpo vertebral fraturado com o auxílio de um balão e reforçar a vértebra com uso de cimento ósseo, tudo realizado por meio de agulhas, sem cortes.
Este procedimento se provou seguro e eficaz com uma redução na mortalidade de até 43%.
Prevenção
A melhor maneira de evitar a necessidade de uma cirurgia de coluna neste tipo de situação é evitar a Osteoporose. Em linhas gerais devemos ter uma ingestão adequada de cálcio e vitamina D com exposição adequada a luz solar. A prática de exercícios físicos também é benéfica para o aumento da massa óssea. Além disso, evitar o uso de medicações que predispõe a Osteoporose (principalmente Corticóides), não fumar e evitar magreza extrema são atitudes saudáveis.
Outros fatores de risco não modificáveis que estão ligadas a osteoporose e servem para alertar os pacientes no caso de início súbito de uma dor na coluna de difícil tratamento estão expostos na tabela abaixo:
Devemos lembrar que no Brasil, o exame de densitometria óssea (exame capaz de diagnosticar a osteoporose antes do quadro de fratura) está indicado para mulheres acima de 65 anos e homens acima de 70 anos. Além disso, este exame pode ser indicado para mulheres e homens abaixo de 65 anos quando associadas a baixo peso (Índice de Massa Corporal – IMC – menor que 18,5 kg/m²), fratura prévia, medicações e doenças que aumentem o risco de osteoporose.
Como mensagem final, gostaria de destacar que graças a capacidade humana de inovar e superar limites novos tratamentos são criados para patologias anteriormente intratáveis. Desde o desenvolvimento da Cifoplastia, na primeira década deste século, várias outras intervenções minimamente invasivas foram desenvolvidas, como por exemplo a correção de uma fratura com hastes e parafusos por método percutâneo, sem a necessidade de grandes cortes para exposição da coluna vertebral com consequente menor quantidade de sangramento, menor risco de infecção e menor tempo de internação. Estes avanços possibilitaram o tratamento de mais pacientes independente da idade e com menos restrições devido as doenças prévias.
Por fim, ressalto que o texto acima é de caráter educativo, não servindo como base para qualquer decisão sobre tratamento. Somente um médico em consulta médica pode decidir sobre quais são as melhores opções de tratamento para o seu caso.
Referências:
Lau E, Ong K, Kurtz S, Schmier J, Edidin A. Mortality following the diagnosis of a vertebral compression fracture in the Medicare population. J Bone Joint Surg Am. 2008 Jul;90(7):1479-86.